Foi realizado neste último final de semana a 12a edicao do Festival do Japão no Centro de Exposições Imigrantes em São Paulo/SP. Foi a primeira vez que fomos e me espantei com a organização e grandiosidade do evento, muitas barracas expondo variados produtos que iam desde frutas e verduras diretas do produtor até cadeiras de massagem e automóveis!
É claro que não poderiam faltar os fabricantes de alimentos e temperos orientais com direito a degustação e aulas de culinária como no estande da Sakura. Assisti de fora uma aula dada pelo chef japonês Shin Koike do restaurante Aizome. Ele preparou alguns acompanhamentos com beringelas e espinafre e um file mignon recheado com cogumelos ao molho a base de aceto balsâmico e azeite trufado que me deixou babando e morrendo de inveja dos que tiveram chance de degustar a iguaria! :-p
Acima uma foto da aula dada por Estela Whitaker com massas e carnes e do sorvete de gengibre que experimentamos e adoramos! Pensei que seria otimo ter uma bola deste sorvete para acompanhar uma fatia do bolo
Suzy! Nhammm! ;-)
Não poderiam faltar as comidas típicas de cada província japonesa. Apesar de estranhar alguns pratos que eu acho que não tinham nada a ver com a região representada mas tudo é festa e o que vale é a intenção e fiquei feliz de ver tantos não-descendentes experimentando pratos que até os descendentes costumam torcer o nariz.
Meus avos são de Hokkaido (terra de caranguejo, leite, batata e lamen), morei quase 20 anos em Shizuoka (terra do chá verde e do peixe enguia), minha mãe está em Nagano (terra de macarrão de sarraceno e uva) e, é lógico que fomos direto para a barraca de Okinawa! X-)
Pedimos o okinawa soba e a pressa de comer foi tanta que até esqueci de tirar foto! :-p
A carne de porco que acompanha este prato poderia estar mais macia mas estava muito bom e deu para matar a saudade. Comprei tambem uma bandeja do saatandague, uma espécie de bolinho de chuva de lá que, depois de aquecido, estava idêntico aos que saboreamos nas nossas viagens ao Hawaii japonês!
Tinha muita comida e deu para ficar zonza com tantas opções mas maridão quis matar as lombrigas com o gyudon (foto acima) da barraca de Tottori feito com wagyu, aquele gado preto japonês tratado a pão-de-ló com muita massagem, cerveja e música clássica ambiente!
Experimentei tambem o okowa (foto acima), arroz cozido com legumes, frango e castanhas portuguesas da mesma barraca junto com um tempurazão enorme de legumes quentinho e super crocante!
Se há uma coisa de que me arrependo é de não ter experimentado os famosos takoyakis (bolinhos recheados com polvo) de Osaka, os melhores do Japão! Sempre via os programas mostrando as barracas mais populares de lá com filas de virar o quarteirão e os artistas fazendo caras e bocas quando comiam as bolotas recheadas com pedaços-monstro de polvo! A massa de cada loja é um segredo guardado a sete chaves, assim como o tarê (molho) que cobre os bolinhos assados. Só de imaginar... hummm!!!
No festival algumas barracas estavam vendendo os tais bolinhos e experimentamos uma bandejinha com 6 (foto abaixo). Comi um e pensei cade o polvo???? Era preciso uma lupa para enxergar o pedacinho do molusco!!! Fica aqui meu protesto pois se tem polvo no nome, tem que ter no bolinho ne, gente?
Na parte cultural era possível participar de uma cerimônia de chá (foto abaixo).
Muitos workshops de origami e kirigami (foto abaixo).
Muitos artistas expuseram suas obras como este senhor da foto à direita que faz sumie, uma técnica de pintura que tem toda uma filosofia como todas as manifestações de arte japonesas. Pelo que entendi não se pode ficar retocando a pintura depois de pincelado no papel. É preciso ser rápido e eficiente nos traços. Para se pintar Sumie, o praticante tem que conhecer perfeitamente o objeto que vai pintar, para que não exista reflexão ou dúvida durante o processo criativo. Muitas pessoas praticam o Sumie, não somente como forma de relaxamento ou busca de paz interior, mas também como forma de melhorarem a eficiência no trabalho, principalmente no que diz respeito à tomada de decisões rápidas.
Havia tambem uma exposição de ikebana que TIVE que apreciar já que adoro flores. Sempre me dá muita paz vendo obras lindas assim e é onde geralmente gasto mais tempo e mais fotos! rss
Houve muitas apresentações de danças, artes marciais como aikido, kendo e karatê (foto abaixo de um grupo que veio da cidade de Valinhos).
E muitas performances de taiko (tambor) em todos os cantos do evento, seja nos palcos seja nos corredores da exposição. Não houve uma apresentação que chamasse atenção de tantas pessoas. Pudera já que é difícil não se encantar com o desempenho inflamado dos tocadores de taiko. É pura energia que arranca aplausos e assovios no final!
Foram 3 dias de muitas atrações e enquanto assistia a uma apresentação de dança folclórica não pude deixar de pensar no quanto os japoneses daqui e seus descendentes se empenham para manter as tradições e a cultura de um país que sequer sabe da existência desta colônia . Enquanto trabalhei no Japão quantas vezes me perguntaram por que eu tinha cara de japonês se era brasileira! Quantos não se espantaram em saber que muitos japoneses imigraram no comeco do seculo XX para a América do Sul para fugir da fome e da miséria...
É por estas e outras que, apesar dos pesares e dos meus olhos puxados, tenho muito orgulho de ser brasileira, sim senhor! E se você perdeu a oportunidade de ir ao festival, vá no ano que vem, tenho certeza de que vai sair emocionado de lá como eu! :-)